
15/3/2020
Acordamos com a seguinte manchete no The Guardian “UK coronavirus crisis ‘to last until spring 2021 and could see 7.9m hospitalised’” Exclusive: Public Health England document seen by Guardian says four in five ‘expected’ to contract virus. A coisa estava ficando séria. Mas parecia que a maioria do povo britânico não estava levando a sério o que estava acontecendo. Pelo menos era o que parecia. Nos bastidores e longe das grandes cidades, o pânico estava tomando forma. Esse pânico não era fomentado pelo medo do vírus, mas pela possibilidade de ‘lockdown’. O pânico se revelou na forma de compras desmedidas. Todo mundo começou a fazer estoque de papel higiênico, produtos de limpeza e gel antibactericida. Logo esses produtos desapareceram do mercado. O país, no entanto, continuava a se comportar mais ou menos normalmente. Aeroportos abertos, trens lotados e acima de tudo, todos indo trabalhar normalmente. As escolas – foco comum de viroses (qualquer mãe sabe disso) – funcionavam normalmente. Enquanto isso o número de mortes na Itália aumentava. O Primeiro Ministro britânico falava em ‘dar a cara para bater’ e deixar o vírus propagar pelo país. A palavra de ordem era “herd immunity” (imunidade do rebanho). Algumas pessoas, especialmente especialistas, começaram a questionar essa opção. Enquanto isso, em outros lugares, como Coreia do Sul, Japão e Alemanha, a opção foi testar, isolar e tratar. Testar a maioria da população com o intuito de encontrar e mapear os focos de infecção. Isolar os casos positivos e tratar os doentes.
O governo britânico considerou não necessário seguir essas diretrizes, insistindo que a opção escolhida era a melhor.
Em casa, comemos macarrão a bolonhesa, meu filho terminou seus TMA para a faculdade e eu li dois livros. Foi um dia normal. O resfriado de meu marido melhorou consideravelmente e meu filho começou a mostrar sinais de estar melhorando também.